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PROTEÇÃO AO NOME EMPRESARIAL

 











 PROTEÇÃO AO NOME EMPRESARIAL

 

A matéria aqui envolvida tratará da proteção do nome empresarial, de forma resumida, sem amplitude doutrinária, mas pretendendo dar um aclaramento na parte legal e jurídica no que concerne ao nome de empresa.

 

Assim, veremos um pouco da doutrina e da jurisprudência envolvidas que se referem aos nomes de empresa na Lei brasileira, e a exposição breve dos procedimentos próprios perante a Junta Comercial da unidade da federação onde se deseja a proteção, bem como visa dar um apoio aos interessados no assunto, seja na área administrativa ou jurídica.

 

A começar, a proteção ao nome empresarial ocorre mediante inscrição da empresa na Junta Comercial, ou seja, a proteção dá-se automaticamente do registro do empresário ou da sociedade empresária na Junta Comercial.

 

A previsão legal encontra base no Código Civil, (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, e na Lei 8.934/94, conforme dita o artigo 33 – “A proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do arquivamento dos atos constitutivos de firma individual e de sociedades ou de suas alterações.”

 

Certo é que o Código Civil em vigor traduz a proteção do nome como âmbito estadual, uma vez que o arquivamento é feito na Junta Comercial, e, de conformidade com o artigo 1.166 “A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro público, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado”

 

A proteção ao nome empresarial escora-se basicamente, como visto acima, na Constituição Federal de 1988, no Código Civil, e na Lei n. 8.934/94.

 

Obrigatório ter em mente que o nome empresarial individualiza a personalidade do empresário, com a proteção pelo registro na Junta Comercial, e por isso mesmo deve merecer proteção especial.

 

As Juntas Comerciais oferecem serviços on line diversos, como de pesquisas simples e avançadas, de empresas no banco de dados, ficha cadastrais, certidões de inteiro teor e simplificada, consultas de processos, agendamentos, e um serviço de “balcão único” (empresa individual ou LTDA.).

 

Sem se aprofundar ao conteúdo histórico da criação da Junta Comercial foi pelo Decreto da Princesa Isabel, em 1876, que, passou de instituições denominadas de Tribunais, na época, eram responsáveis por registrar atos e guardar documentos, com a finalidade principal do registro e proteção ao nome de nome empresarial, com a abertura de empresas e respectivas alterações contratuais e baixa; bem como emissão de certidões e fichas cadastrais.

 

Em apanhado sobre o tema, o Sistema Nacional do Registro do Comércio, a partir das reformas efetuadas na organização do Registro do Comércio e evolução de legislação anterior, em 1965, criou o Departamento Nacional de Registro de Comércio.

 

Dessa forma, cada estado da federação tem sua própria junta comercial, todas regidas, atualmente, pela Lei 8.934, de 18 de novembro de 1994, que dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e dá outras providências.

 

O DNRC desempenha papel central do sistema e as Juntas comerciais que atuam em todo o território nacional, de maneira uniforme, harmônica e independente, nos órgãos regionais.

 

Assim, as Delegacias ou escritórios regionais das Juntas, funcionais com os seus órgãos locais.  O DNRC integra a estrutura básica do Ministério da Industria e do Comércio, como órgão da administração direta.

 

As Juntas Comerciais pertencem a administração direta dos Estados e subordinam-se tecnicamente ao DNRC, com funções executoras do registro de comercio. (extraído da publicação “O Registro do Comércio no Brasil – JUCISRS).

 

  

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NOME EMPRESARIAL

 

Passemos agora a tratar sobre o nome empresarial (ou como anteriormente se denominava “nome comercial”), transacionado no Código Civil de 2002, em capítulo próprio.[1]

 

Assim sendo, criou-se o Direito Empresarial que é o ramo do Direito Privado destinado a regular o exercício da atividade econômica organizada que produz bens ou serviços, ou seja, empresa.

 

Ilustra-se com o conceito dado pelo mestre Fabio Ulhoa Coelho “seu objeto é o estudo dos meios socialmente estruturado de superação dos conflitos de interesse envolvendo empresários ou relacionados às empresas que exploram.” (Manual de Direito Comercial: direito de empresa. 21 ed., São Paulo, Saraiva, 2009. p. 4)

 

Muitos confundem-se, as figuras das marcas com o nome de empresa, sabendo-se que nome empresarial, conforme visto aqui destina-se a identificação dos empresários no exercício de sua atividade mercantil.

 

É, pois, considerado um direito personalíssimo, em virtude da possibilidade da pessoa jurídica, adquirir direitos e obrigações na sua atividade comercial.

 

O sinal distintivo que identifica produtos ou serviços, chamado marca, prestados por uma determinada empresa, é diferente conceitualmente de nome empresarial. As marcas são bens imateriais, que integram o ativo de uma empresa.

 

Para fechar esse diferencial, pode-se dizer que a marca se rege pela Lei. 9.270/96, e que consiste “em todos os sinais visualmente perceptíveis utilizados para distinguir produtos ou serviço”.[2]

 

Epitome: nome empresarial identifica a empresa, enquanto marca identifica produtos ou serviços prestados a empresa.

 

Como dito acima o artigo 1.115 do Código Civil nos leva a inferir que o nome de empresa é um bem do empresário, um ativo econômico, de grande importância que identifica a pessoa agregando valores intrínsecos, dentro da própria sociedade e extrínsecos, representativos de seu nome no mercado e praça em geral.

 

Observe-se que o nome é de natureza patrimonial, como atividade de uma empresa, e por isso mesmo não integra bens corpóreos e incorpóreos

 

Acima já foi dito e repete-se a Constituição Federal em seu art. 5º, inciso XXIX “a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;”

 

PROTEÇÃO AO NOME EMPRESARIAL

 

Como no preâmbulo dito a proteção ao nome empresarial ocorre mediante a inscrição da empresa na Junta Comercial, ou seja, a proteção dá-se automaticamente do registro do empresário ou da sociedade empresária na Junta Comercial.

 

Além da previsão do Código Civil, a Lei n.º 8.934/1994, prevê em seu artigo 33 o seguinte:

Art. 33. A proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do arquivamento dos atos constitutivos de firma individual e de sociedades, ou de suas alterações.

 

A doutrina tem um pêndulo quanto a proteção ao nome de empresa pelos doutrinadores: de um lado a proteção atinge todo o território nacional, de outro, essa proteção é apenas de âmbito estadual, significando dizer no estado da federação onde se deu o registro do nome.

 

A controvérsia gira em torno do artigo 1.166 do Código Civil que prevê a proteção do nome no âmbito estadual, uma vez que o arquivamento é feito na Junta Comercial.

 

Nosso entendimento, embora aceite-se, em princípio a apenas a proteção estadual, deve ser levada a uma abrangência muito mais extensa, haja vista, por exemplo, nomes de empresas que obtiveram uma notoriedade, fama pelo próprio nome em todo território nacional, sem sequer ter um registro de arquivamento de seus atos constitutivos em determinado estado.

 

Se explicou melhor, o exemplo da antiga empresa *MESBLA, LOJAS AMERICANAS,          e outras cujos nomes, podem ou não estar vinculados em todos os estados da federação, mesmo assim devem merecer proteção em todo o território nacional, e não apenas naquele estado do registro do nome. 

 

Como operadores de direito, adota-se o entendimento, em princípio, a proteção é estadual e para que a proteção seja de âmbito nacional é necessário que o registro do nome empresarial seja feito de acordo com a lei especial.  Discutível?! Sim!

 

Há uma carência de uma lei especial para regular este ponto controverso.

 

Tanto a boa doutrina, quanto a jurisprudência, não cerceia possibilidade de proteção nacional e até internacional ao nome de empresa, a partir do registro na junta comercial, a partir do arquivamento dos atos constitutivos de firma individual e de sociedades na Junta Comercial.

 

Por derradeiro, não se passa despercebido um número substancial de conflitos entre o nome de empresa e a marca registrada.

 

Sempre válido, mesmo com o passar dos anos, o posicionamento sempre válido de JOÃO DA GAMA CERQUEIRA sobre o assunto:

“Os conflitos entre nomes podem seguir padrões menos rigorosos, já que as sociedades, ainda que tenham nomes parecidos, têm condições de se tornarem especificamente conhecidas por meio de outros elementos, inclusive a própria marca. A função precípua do nome empresarial não é identificar a sociedade perante o grande público, mas sim a de individualizá-la no tocante às relações jurídicas a ela concernentes. Diferentemente, a marca presta-se propriamente a distinguir o produto ou serviço em relação à concorrência. Agrega-se a isso a maior liberdade do empresário para compor as marcas, a qual viabiliza a imposição de um padrão mais rigoroso quanto à sua distinção perante as demais marcas e, até mesmo, os demais nomes empresariais.”

 

Secundando este entendimento o STJ considerou que o princípio decisivo para a resolução do conflito é o da especificidade.[3]

 

O critério de anterioridade foi apartado, vez que o tribunal superior considerou que a impossibilidade de confusão entre os consumidores seria o ponto principal para resolução do conflito entre nome e marca.

 

Ao pé alguns julgados de nossos tribunais esse respeito.[4]

Assim, consideremos o nome empresarial como um importante elemento distintivo das sociedades empresariais, o qual serve como elemento de identificação do empresário nas relações jurídicas realizadas no exercício da atividade empresarial.

 

A doutrina já se encarregou de realçar a importância do nome empresarial com o qual a empresa se distingue, apontando, igualmente, seu reflexo com relação à empresa em si mesma, e seus partícipes, e na sociedade em geral, merecendo sempre o dever de proteção ao nome de empresa.

 

Lembro-me da lição do professor PHILOMENO J. DA COSTA: “...o nome comercial designa o próprio perfil da composição da empresa, revelando, por vezes, suas raízes e sai natureza. Historicamente ---informa o mestre --- o nome comercial remonta às sociedades familiares que surgiram, na Idade Média, principalmente no norte da Itália: “o velho mercador deixava o seu negócio próspero e afamado para os seus filhos e seus genros; estes seus comensais sentavam-se destarte a sua mesma mesa, comendo o mesmo pão; indicava-se comercialmente essa identidade com o emprego da expressãoet cum pagnis (com o mesmo pão) - (Sociedades – Vol. II, Ed. 2024 Editora Revista dos Tribunais)

 

 

OS PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA ATUAÇÃO PERANTE   JUNTAS COMERCIAIS

 

Os procedimentos para atuação na Junta acham-se descritos pormenorizadamente nos respectivos sítios eletrônicos de cada Estado da federação, onde se deu o respectivo registro. Fácil de recepção e entendimento para os diversos casos tratados pelas Juntas Comerciais, por isso não vamos nos alongar neste ponto. https://www.jucerja.rj.gov.br/

 

Questão a ser tratada pelo advogado quando um registro de nome na Junta pode ou não ser anulado, seja por procedimento administrativo, ou mediante ajuizamento de ação própria no Poder Judiciário, deve ser estudado com mais atenção.

 

E o caso hipotético, mas muito comum acontecer que realizado o registro de proteção de nome empresarial e houver novo registro de empresa com nome semelhante. Daí surge a possibilidade da empresa, cujo registro de proteção de nome empresarial tenha sido realizado, interpor recurso ao Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração – DREI, para exame de eventual colidência por semelhança de outros nomes empresariais que, não idênticos, mas que com o potencial de causar confusão no mercado.

 

A ampliação da proteção do nome de empresa, ainda que vinculado ao seu respectivo onde foi registrado os seus atos constitutivos e possível de ser feita mediante solicitação da ampliação dessa proteção nos demais unidades da federação.

 

Tratemos agora sobre a possibilidade de, na falta de solução do conflito na esfera administrativa, ou mesmo por necessidade de resolução em sede judicial, a ação de anulação de registro perante a Junta Comercial, poderá ser intentada para este fim.

 

Os tópicos principais para propor a referida ação têm as características abaixo que servem de uma base, de modo prático e simples, para que o operador de direito possa iniciar sua petição inicial:

 

Ø A ação anulatória, pelo procedimento comum cível, poderá ser cumulada com pedido de indenização por danos morais e materiais;

Ø Todo e qualquer integrante da categoria profissional (em princípio) detém legitimidade ativa para propor ação anulatória;

Ø Objetiva a ação, como dito acima, o propósito de obter tutela jurisdicional que implique no desfazimento do ato administrativo de lançamento por conta de nulidade nele verificada, e outros casos similares;

Ø O prazo para ingressar com ação anulatória, também erige interpretações, a nosso ver, é de dois anos conforme dita o artigo 179 do Código Civil, “quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será de dois anos, a contar da data da conclusão do ato”;

Ø O foro a ser eleito, em tese, em razão do ato ou ato que deu causa à demanda (vide art. 42 ao art.53 do CPC). Com entendimento para o artigo 51, parágrafo único, que dita “... de ocorrência do ato ou fato que deu causa a demanda). Vale informar que dependendo do juízo, interpretações diversas, por vezes ocorre, dando azo a um conflito de competência neste ponto;

Ø O direito que fundamenta a ação, a nosso ver, deve ser a Lei 8.934/94, que dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e dá outras providências;

Ø  O valor da causa, depende do objeto, da validade do cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico, será o valor do contrato.

 

Por certo, outras dúvidas e ou questões poderão surgir na propositura da ação, com a distribuição no foro adequado. Todavia, devido a simplicidade do presente trabalho, não se há de alongar, ficando, aqui, a sugestão de se tratar um pouco mais, sobre o tema “Nome de Empresa”, em postagem futura.

 

Para nossa elucidação sobre os conflitos de competência o Órgão Especial do Tribunal de Justiça em São Paulo que a competência para julgar ações declaratórias de nulidade de registro público movidas contra a Junta Comercial é da Seção de Direito Público da corte. Ou seja, a Ação de nulidade de registro na Junta Comercial cabe ao Direito Público do TJ-SP

 

Suscintas discussões o conflito de competência envolvia Câmaras de Direito Público e de Direito Empresarial. Por maioria de votos, prevaleceu o entendimento de que as ações tratam do controle e do cumprimento de atos administrativos e da responsabilidade civil do Estado e, portanto, a competência é do Direito Público. Para quem tiver interesse matéria muito bem delineada por Tábata Viapiana é repórter da revista Consultor Jurídico - Processo 0028150-25.2022.8.26.0000 - Processo 0022455-90.2022.8.26.0000

 

Daí, há de se requerer a tutela jurisdicional, tendo como legitimidade passiva da Fazenda Estadual, com a administração  e execução de serviços públicos de registros públicos de empresas mercantis, que se abstrai ser a Junta Comercial órgão local, no caso Estadual, com função de execução e administração dos serviços de registro, visando garantir a publicidade, a autenticidade, a segurança e a eficácia dos atos praticados pelas empresas mercantis e afins, mormente em relação ao cancelamento de seu registro (art. 3º, inciso II, da Lei nº 8.934/94).

 

Por derradeiro, segue um apêndice com alguns julgados para a ilustração do assunto em comento.

 

Esperamos que o presente artigo possa trazer uma elucidação sobre o tema, agradecendo, de antemão, coloco-me à disposição dos meus amigos e caros colegas, sujeitando-me as críticas e ou comentários construtivos.

 

Jose Cláudio Tavares – Advogado Especialista em Direito da Propriedade Intelectual
jctavaresadv@gmail.com
Tel.: +5521 - 97552-5555
facebook com link http://jctavares-adv.blogspot.com/ 



      

 

 

Referências bibliográficas:

1.      Consultor Jurídico - https://www.conjur.com.br/

2.      Publicação da JUCISRS - “O Registro do Comércio no Brasil”.

3.      JusBrasil - https.//www.jusbrsil.com.br/artigos

4.      Manual JUCESP – Secretaria Executiva 2018 - Formação do Nome Empresarial – Manual Básico

5.      Enciclopédia Jurídica da PUCSP (Francisco Ferreira e Jouberto de Quadros Pessoa Cavalcante)

6.      Curso de Direito Civil Brasileiro, São Paulo, Saraiva, 2021, ref. 2021 -Maria Helena Diniz

 

Anexo: Apêndice com jurisprudência

 

Formatação do blog: Robert Mello Oliveira – robert.oliveira@outlook.com



[1] CAPÍTULO II
DO NOME EMPRESARIAL

Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa.

Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e fundações.

 

[2] Art. 122. São suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais.

 

[3] SOUZA, Daniel Adensohn. Questões atuais sobre a colidência entre nome e marca. Disponível em: http://riccipi.com.br/questões-atuais-sobreacolidencia-entre-nome-de-empresaemarca/ . Acesso: 18/10/2020

MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro Empresa e Atuação Empresarial. 11 ed. São Paulo, Atlas, 2019.

Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 1.673.450-RJ. Relatora: Min. Nancy Andrighi. Recorrente: Chocolates Franz Industria e Comercio LTDA-ME. Recorrido: JFC Franz Alimentos LTDA. Recorrido: Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Publicado em: 19/09/2017. Disponível em: http://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias-antigas/2017/2017-11-10_09-10_Anterioridade-de-nome-empresarial-nao-basta-para-justificar-anulacao-de-marca-registrada.aspx .

Acesso: 18/10/2020 [1] Imagem extraída da internet

 site: https://i2.wp.com/www.radiowolf.com.br/2017/wp-content/uploads/2019/12/savegnago-logo.png?fit=1024%2C579 acesso em: 18/10/2020 - Camila Cristina de Almeida

 

[4]  TJ-SP - Agravo de Instrumento: AI 21558268220238260000 São Paulo

jurisprudência Acórdão Publicado em 05/07/2023

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AGRAVO DE INSTRUMENTO – EXCLUSÃO DE LITISCONSORTE – JUCESP. Pleito da parte autora em ter reformada decisão que declarou a ilegitimidade passiva da JUCESP. Demanda originária na qual a parte autora objetiva a declaração de nulidade e consequente exclusão do registro da empresa ré R.G.G. CONSTRUÇÕES LTDA. – EPP no qual fora utilizado seus dados pessoais de forma a fraudar a veracidade do registro, pede ainda a condenação das rés no pagamento de indenização pelos danos morais que alega ter sofrido em decorrência do registro. LEGITIMIDADE PASSIVA DA JUCESP - CARACTERIZADA – Juntas Comerciais que são responsáveis pelo arquivamento da documentação referente aos registros das empresas mercantis nos termos do artigo 40, da Lei 8.934 /94 – JUCESP que autoriza a inscrição dos atos da pessoa jurídica tidos pelo autor como fraudulentos – Competência para cancelamento do arquivamento que é da Junta Comercial – Legitimidade passiva caracterizada. Precedentes desta 8ª Câmara de Direito Público e deste Tribunal de Justiça. Decisão reformada. Recurso provido.

TJ-MG - Apelação Cível: AC 10024130414832004 MG

jurisprudência Acórdão Publicado em 06/04/2020

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EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - RESPONSABILIDADE CIVIL - JUNTA COMERCIAL - FRAUDE PRATICADA NA ALTERAÇÃO DO CONTRATO SOCIAL - INCLUSÃO INDEVIDA DO AUTOR COMO SÓCIO - FALTA DE DILIGÊNCIA DA JUNTA COMERCIAL - FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - DANO MORAL - CONFIGURADO. Tratando-se de ato omissivo atribuído à Junta Comercial do Estado de Minas Gerais, a responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, fazendo-se necessária a demonstração de três elementos: dano, negligência e o nexo de causalidade entre o evento danoso e a conduta ilícita do ente federativo. Cabe à Junta Comercial verificar a existência de falsificação em instrumento ou documento público ou particular e, quando esta for constatada, levar tal fato a conhecimento da autoridade competente, para as providências legais cabíveis. Conquanto a conduta delituosa tenha sido perpetrada por terceiros, a fraude relatada poderia ter sido evitada mediante conferência da autenticidade dos documentos fornecidos pelos ditos falsários. Nesse sentido, evidente a falha no serviço público, que foi prestado de maneira negligente, surgindo o dever de reparação pelos danos morais sofridos pelo demandante.


COMPLEMENTO - JULGADOS SOBRE AÇÃO DE NULIDADE DO REGISTRO NA JUNTA COMERCIAL

 

jurisprudência Acórdão Publicado em 03/05/2019

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APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE REGISTRO MERCANTIL. SUPOSTA FRAUDE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA JUNTA COMERCIAL. IMPOSSIBILIDADE DE PROVAR FATO NEGATIVO. NULIDADE DO REGISTRO. SÚMULA 473 STF. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E CUSTAS PROCESSUAIS CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. PROVEITO ECONÔMICO IRRISÓRIO. APRECIAÇÃO EQUITATIVA. ISENÇÃO DE PAGAMENTO DE CUSTAS SOMENTE QUANDO A PARTE FOR BENEFICIÁRIA DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA. INOBSERVÂNCIA DO RECONHECIMENTO DO PEDIDO PELA JUCEG. HONORÁRIOS RECURSAIS NÃO MAJORADOS. 1. A Junta Comercial é responsável pelos prejuízos decorrentes do registro ou alteração dos atos constitutivos das sociedades mercantis, mormente no que diz respeito à inclusão de terceiro nos quadros societários. 2. Responsabilidade objetiva das entidades autárquicas, conforme dispõe os artigos 37, § 6º da Constituição da República e 43 do Código Civil. 3. É dever da Junta Comercial adotar cautelas mínimas na análise da documentação a ela apresentada, principalmente quanto a legitimidade e autenticidade dos documentos e assinaturas, a fim de que sejam evitadas fraudes. 4. A alegação de fato negativo torna a prova diabólica para o apelante que afirmou e comprovou não ter como trazer aos autos elementos que atestem que a abertura da referida empresa ocorreu por meio de documentos falsos e/ou pela falsificação de sua própria assinatura nos atos constitutivos da pessoa jurídica. 5. A administração pública pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Inteligência da Súmula 473 do STF. 6. Considerando que não foi possível mensurar eventual proveito econômico, pois a sentença primeva julgou improcedentes os pedidos exordiais e, tendo a apelante sagrando-se vencedora na totalidade de seus pedidos, os honorários de sucumbência devem ser invertidos, majorados e fixados equitativamente em desfavor da Fazenda Pública. Súmula nº 450, STF. 7. Sendo a autora beneficiária da gratuidade da justiça, descabida a condenação de Autarquia Estadual - JUCEG - no pagamento das custas processuais. Artigo 4º, inciso I, parágrafo único, da Lei nº 9.289 /96. 8. In caso, o reconhecimento do pedido inaugural por parte do requerido foi inobservado pelo magistrado sentenciante, razão pela qual impõe-se a reforma da sentença. 9. Não há falar em majoração dos honorários recursais, conforme prevê o artigo 85, § 11º do CPC, considerando o provimento do recurso (Resp. nº1.539.725/DF). APELO CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

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jurisprudência Acórdão Publicado em 27/11/2018

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APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO. AÇÃO DE NULIDADE DE REGISTRO DE EMPRESA EM JUNTA COMERCIAL, CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. UTILIZAÇÃO DE DOCUMENTOS FALSOS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM ESTADUAL. MÉRITO. NEGLIGÊNCIA DA JUNTA COMERCIAL. HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. ART. 20, § 3º, CPC/1973. MANUTENÇÃO. JUROS E CORREÇÃO. JUCESP. AUTARQUIA EM REGIME ESPECIAL. OBSERVÂNCIA DA LEI Nº 11.960 /2009, A PARTIR DO SEU ADVENTO. RECURSO ADESIVO. CONDENAÇÃO. QUANTUM ARBITRADO. VALOR RAZOÁVEL. MANUTENÇÃO. RECURSO PRINCIPAL PARCIALMENTE PROVIDO. APELO ADESIVO DESPROVIDO. 1. A ação na qual se requer anulação de registro (em decorrência de fraude) e indenização é de competência da Justiça Estadual, pois nela não figuram os entes previstos no artigo 109, I, da CF/1988, tampouco o cerne da controvérsia interfere na lisura dos atos praticados pelas Juntas Comerciais por delegação federal. Precedentes do STJ. 2. In caso, discute-se a existência ou não de responsabilidade da Junta Comercial pela realização de registro de empresa mediante apresentação de documentos falsos. A falsidade documental, contudo, é questão incontroversa e não impugnada no recurso da JUCESP, o qual se limita a questionar sua responsabilidade pelo ocorrido. 3. A competência das Juntas Comerciais na análise dos pedidos de registro ou arquivamento, limita-se ao exame das formalidades legais e essenciais dos documentos apresentados, cabendo-lhes apenas aplicar as disposições normativas atinentes ao registro público, sem jamais averiguar o mérito do ato praticado ou a existência de vícios que não sejam manifestos, não lhes competindo, portanto, interferir nas relações jurídicas da sociedade. Inteligência dos artigos 35, 40 e 63 da Lei Federal nº 8.934 /1994, e do art. 39 do Decreto Federal nº 1.800 /1996. 4. Nessa toada, apesar de não ser possível à Junta Comercial perscrutar acerca da falsidade de documentos de identificação dos particulares, a norma de regência impõe-lhe a adoção da mínima cautela para conferir a veracidade da assinatura do requerimento de registro de empresa quando da realização do registro, o que não foi adotado pela JUCESP, como bem observou o Judicante singular. Portanto, há de se manter a sentença irretocada no ponto. 5. A respeito da verba honorária arbitrada em 10% (dez por cento), reputa-se adequada à especificidade do caso vertente, haja vista estar fixada no percentual mínimo previsto em lei e atender ao grau de zelo do profissional, ao trabalho exercido e à natureza e importância da demanda. 6. No tocante aos juros e à correção monetária, tem-se que a apelante é Autarquia em Regime Especial (Lei Complementar Estadual nº 1.187 /2012 do Estado de São Paulo), aplicando-se lhe, portanto, o disposto na Lei nº 11.960 /2009, a partir do seu advento, motivo pelo qual dá-se provimento ao apelo nesse item. 8. Afigura-se razoável o quantum indenizatório arbitrado pelo Juízo a quo (R$ 3.000,00) em decorrência da falta de cuidado na realização de registro fraudulento de empresa em nome do demandante desta ação, não podendo servir a indenização em tela para enriquecimento indevido. 9. Apelação principal e adesiva conhecidas, para negar provimento a esta e dar parcial provimento àquela, tão somente para determinar a observância do disposto na Lei nº 11.960 /2009. ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acorda a 1ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, por julgamento de Turma e decisão unânime, em conhecer dos recursos principal e adesivo, para negar provimento a este e dar parcial provimento àquele, nos termos do voto do Relator. Fortaleza, 26 de novembro de 2018. DESEMBARGADOR FERNANDO LUIZ XIMENES ROCHA Relator

 

jurisprudência Acórdão Publicado em 05/07/2023

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AGRAVO DE INSTRUMENTO – EXCLUSÃO DE LITISCONSORTE – JUCESP. Pleito da parte autora em ter reformada decisão que declarou a ilegitimidade passiva da JUCESP. Demanda originária na qual a parte autora objetiva a declaração de nulidade e consequente exclusão do registro da empresa ré R.G.G. CONSTRUÇÕES LTDA. – EPP no qual fora utilizado seus dados pessoais de forma a fraudar a veracidade do registro, pede ainda a condenação das rés no pagamento de indenização pelos danos morais que alega ter sofrido em decorrência do registro. LEGITIMIDADE PASSIVA DA JUCESP - CARACTERIZADA – Juntas Comerciais que são responsáveis pelo arquivamento da documentação referente aos registros das empresas mercantis nos termos do artigo 40, da Lei 8.934 /94 – JUCESP que autoriza a inscrição dos atos da pessoa jurídica tidos pelo autor como fraudulentos – Competência para cancelamento do arquivamento que é da Junta Comercial – Legitimidade passiva caracterizada. Precedentes desta 8ª Câmara de Direito Público e deste Tribunal de Justiça. Decisão reformada. Recurso provido.

 

jurisprudência Acórdão Publicado em 31/05/2022

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EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO JURÍDICO C/C PEDIDO LIMINAR. REGISTRO DE EMPRESA ATRAVÉS DE FALSIFICAÇÃO DE ASSINATURA. RESPONSABILIDADE DA JUNTA COMERCIAL. DANO MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO. PROPORCIONALIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MANTIDOS. 1. PRERROGATIVAS DA JUNTA COMERCIAL PARA PROCEDER REGISTRO DE EMPRESAS. É dever da Junta Comercial adotar cautelas mínimas na análise da documentação para a abertura de empresas (pessoas jurídicas), principalmente quanto a legitimidade e autenticidade dos documentos e assinaturas, a fim de que sejam evitadas fraudes. Na hipótese, agindo de forma negligente a recorrente ao não observar certos deveres de cuidado, a obrigação de indenizar a pessoa cuja assinatura restou fraudada é medida que se impõe, não havendo que se falar em culpa concorrente para reduzir o valor dos danos morais. 2. VALOR ARBITRADO A TÍTULO DE DANOS MORAIS MOSTRA-SE PROPORCIONAL AO CASO CONCRETO. Observa-se no feito que o quantum arbitrado (R$ 7.000,00), atende às especificidades do caso, tendo sido fixado com razoabilidade e proporcionalidade, não havendo que ser reduzido. 3. HONORÁRIOS RECURSAIS. Tendo em vista a sucumbência em grau recursal, majoro os honorários fixados na sentença em 10% (dez por cento) para 12% (doze por cento) sobre o valor da condenação? art. 85, § 11 do CPC. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E DESPROVIDA.

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jurisprudência Acórdão Publicado em 13/12/2017

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RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. CONCORRÊNCIA DESLEAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. TRADE DRESS. CONJUNTO-IMAGEM. ELEMENTOS DISTINTIVOS. PROTEÇÃO LEGAL CONFERIDA PELA TEORIA DA CONCORRÊNCIA DESLEAL. REGISTRO DE MARCA. TEMA DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL, DE ATRIBUIÇÃO ADMINISTRATIVA DE AUTARQUIA FEDERAL. DETERMINAÇÃO DE ABSTENÇÃO, POR PARTE DO PRÓPRIO TITULAR, DO USO DE SUA MARCA REGISTRADA. CONSECTÁRIO LÓGICO DA INFIRMAÇÃO DA HIGIDEZ DO ATO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA JUSTIÇA FEDERAL. 1. A tese a ser firmada, para efeito do art. 1.036 do CPC/2015 (art. 543-C do CPC/1973), é a seguinte: As questões acerca do trade dress (conjunto-imagem) dos produtos, concorrência desleal e outras demandas afins, por não envolver registro no INPI e cuidando de ação judicial entre particulares, é inequivocamente de competência da justiça estadual, já que não afeta interesse institucional da autarquia federal. No entanto, compete à Justiça Federal, em ação de nulidade de registro de marca, com a participação do INPI, impor ao titular a abstenção do uso, inclusive no tocante à tutela provisória. 2. No caso concreto, dá-se parcial provimento ao recurso interposto por SS Industrial S.A. e SS Comércio de Cosméticos e Produtos de Higiene Pessoal Ltda., remetendo à Quarta Turma do STJ, para prosseguir-se no julgamento do recurso manejado por Indústria e Comércio de Cosméticos Natura Ltda. e Natura Cosméticos S.A.

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Recurso Repetitivo Decisão de mérito

jurisprudência Acórdão Publicado em 07/11/2019

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EMENTA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. POLÍTICA ESTADUAL COOPERATIVISTA. LEI 11.829/2002 DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. INICIATIVA PARLAMENTAR. ATRIBUIÇÕES E COMPOSIÇÃO DE ÓRGÃOS E ALTERAÇÕES NA ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. INICIATIVA RESERVADA AO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. CF/1988, ART. 61, § 1º, II, ‘E’. ISENÇÕES, INCENTIVOS E BENEFÍCIOS FISCAIS RELATIVOS AO ICMS. CF, 155, § 2º, XII, ‘G’. NECESSIDADE DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO CONJUNTO DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL. 1. Constitucionalidade da instituição de política cooperativista no âmbito estadual, a ser estimulada pelo Poder Público, por conferir eficácia ao art. 174 da Constituição Federal. 2. É competência privativa do Chefe do Poder Executivo, conferida pelo art. 61, § 1º, II, e, da CF/1988, a iniciativa de lei que verse sobre alterações na estrutura da Administração Pública. 3. A imposição do Poder Legislativo ao Executivo do dever de conceder estímulos creditícios colide com o princípio constitucional da separação dos poderes. 4. O condicionamento da participação das cooperativas em processos licitatórios à apresentação de certificado de registro no Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado malfere a garantia da liberdade de associação sindical, consagrada no art. 8º, V, da Lei Maior. 5. Na ausência da lei a que se refere o art. 146, III, c, da Constituição, que estabelece que lei complementar disporá sobre o adequado tratamento do ato cooperativo, os Estados-Membros podem exercer sua competência residual de forma plena, inclusive instituindo isenção de tributos estaduais para operações entre cooperativas, como fez o art. 16 da Lei Estadual 11.829/2002. Todavia, a norma deve receber interpretação conforme para excluir do seu alcance o ICMS, uma vez que, nos termos do art. 155, § 2º, XII, g, da Constituição da República, as isenções, os incentivos e os benefícios fiscais relativos a esse imposto dependem de prévia deliberação conjunta dos Estados e do Distrito Federal. 6. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade do art. 6º, do parágrafo único do art. 10; e dos arts. 11, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19, 20 e 21, bem como dar interpretação conforme ao art. 16, para excluir do seu alcance o ICMS, todos da Lei 11.829, de 5 de setembro de 2002, do Estado do Rio Grande do Sul.

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Controle Concentrado de Constitucionalidade Decisão de mérito

jurisprudência Acórdão Publicado em 06/04/2020

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EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - RESPONSABILIDADE CIVIL - JUNTA COMERCIAL - FRAUDE PRATICADA NA ALTERAÇÃO DO CONTRATO SOCIAL - INCLUSÃO INDEVIDA DO AUTOR COMO SÓCIO - FALTA DE DILIGÊNCIA DA JUNTA COMERCIAL - FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO - DANO MORAL - CONFIGURADO. Tratando-se de ato omissivo atribuído à Junta Comercial do Estado de Minas Gerais, a responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, fazendo-se necessária a demonstração de três elementos: dano, negligência e o nexo de causalidade entre o evento danoso e a conduta ilícita do ente federativo. Cabe à Junta Comercial verificar a existência de falsificação em instrumento ou documento público ou particular e, quando esta for constatada, levar tal fato a conhecimento da autoridade competente, para as providências legais cabíveis. Conquanto a conduta delituosa tenha sido perpetrada por terceiros, a fraude relatada poderia ter sido evitada mediante conferência da autenticidade dos documentos fornecidos pelos ditos falsários. Nesse sentido, evidente a falha no serviço público, que foi prestado de maneira negligente, surgindo o dever de reparação pelos danos morais sofridos pelo demandante.

 

 

 

jurisprudência Acórdão Publicado em 20/07/2020

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CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE ATO CONSTITUTIVO DE EMPRESA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. JUNTA COMERCIAL. ILEGITIMIDADE PASSIVA REJEITADA. FRAUDE. FALSIFICAÇÃO DE ASSINATURA. NEGLIGÊNCIA NA CONFERÊNCIA DOS DOCUMENTOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO MORAL CONFIGURADO. APELO CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1.Pela teoria da asserção, segundo a qual a legitimidade ad causam está ligada à pertinência subjetiva entre a causa de pedir remota e a pessoa física ou jurídica que se elege para sofrer as consequências jurídicas no pedido, a Junta Comercial do Estado do Ceará detém legitimidade para figurar no polo passivo da presente ação. 2.Nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição Federal, a autarquia, pessoa jurídica de direito público, responde objetivamente pelos danos causados aos administrados, bastando a comprovação do nexo causal entre a atividade estatal e os danos sofridos para que se configure a obrigação de indenizar. 3.Não desconheço que a atuação das Juntas Comerciais se limite à análise meramente formal dos documentos a elas entregues; contudo, no caso, não tendo a autarquia/ré sequer comprovado que exigiu a prova de identidade do signatário do instrumento levado a registro, conforme exigido pelos arts. 1.153 do Código Civil e 37, inciso V, da Lei nº 8.934 /94, deve ser reconhecida a sua responsabilidade pela fraude na constituição de pessoa jurídica com a inclusão do nome do autor, mediante falsificação de assinatura. 4.Diante do referido dano gerado pela ausência de cuidados básicos dos servidores responsáveis pela análise das exigências formais do instrumento levado a arquivamento, o dever de indenizar pelo ato registral é medida que se impõe. 5.Apelo conhecido e desprovido. Sentença mantida. ACÓRDÃO ACORDA a 3ª CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ, por uma de suas turmas julgadoras, à unanimidade, em conhecer do recurso de apelação, mas para negar-lhe provimento, nos termos do voto do relator, parte integrante deste. Fortaleza, 20 de julho de 2020.

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jurisprudência Acórdão Publicado em 10/06/2016

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RECURSOS ESPECIAIS. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE. 1. ALTERAÇÃO CONTRATUAL REALIZADA MEDIANTE FALSIFICAÇÃO DA ASSINATURA DO SÓCIO CONTROLADOR DA EMPRESA. CONVALIDAÇÃO ADMITIDA PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. 2. NEGÓCIO JURÍDICO NULO DE PLENO DIREITO. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO DA VONTADE DO DECLARANTE. ILICITUDE DA OPERAÇÃO REALIZADA. INTELIGÊNCIA DO ART. 166, II, DO CÓDIGO CIVIL. 3. IMPOSSIBILIDADE DE RATIFICAÇÃO (CONVALIDAÇÃO). ART. 169 DO CÓDIGO CIVIL. NORMA COGENTE. NULIDADE ABSOLUTA (EX TUNC). VIOLAÇÃO AO INTERESSE PÚBLICO. NEGÓCIO REALIZADO POR MEIO DE COMETIMENTO DE CRIME PREVISTO NO CÓDIGO PENAL. SUPRIMENTO DA NULIDADE PELO JUIZ. INVIABILIDADE. ART. 168, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CC/02. 4. A MANUTENÇÃO DO ARQUIVAMENTO, PERANTE A JUNTA COMERCIAL, DE DECLARAÇÃO CUJA ASSINATURA DE UM DOS SIGNATÁRIOS É SABIDAMENTE FALSA REVELA, AINDA, OFENSA AO PRINCÍPIO DA VERDADE REAL, NORTEADOR DOS REGISTROS PÚBLICOS. 5. SOMENTE COM A RENOVAÇÃO (REPETIÇÃO) DO NEGÓCIO, SEM OS VÍCIOS QUE O MACULARAM, SERIA POSSÍVEL VALIDAR A TRANSFERÊNCIA DO CONTROLE SOCIETÁRIO DA EMPRESA, O QUE NÃO OCORREU NO CASO CONCRETO. 6. RECURSOS PROVIDOS. 1. Hipótese em que as instâncias ordinárias concluíram que, embora tenha havido a falsificação da assinatura do sócio majoritário nas alterações contratuais arquivadas na Junta Comercial, em que se transferiu o controle societário da empresa Servport - Serviços Portuários e Marítimos Ltda. para os réus, o referido negócio foi convalidado, pois o autor lavrou escritura pública ratificando o ocorrido e dando ampla, geral e irrevogável quitação. 2. A questão posta em discussão trata de nulidade absoluta, pois o art. 166, inciso II, do Código Civil proclama ser nulo o negócio quando for ilícito o seu objeto, valendo ressaltar que essa ilicitude não é apenas do bem da vida em discussão, mas, também, da própria operação jurídica realizada, a qual, no caso, configura, inclusive, crime previsto no Código Penal. 2.1. Com efeito, embora não haja qualquer vício no objeto propriamente dito do negócio jurídico em questão (cessão das cotas sociais da empresa Servport), a operação realizada para esse fim revela-se manifestamente ilícita (falsificação da assinatura de um dos sócios), tornando o negócio celebrado nulo de pleno direito, sendo, portanto, inapto a produzir qualquer efeito jurídico entre as partes. 3. A teor do disposto nos arts. 168, parágrafo único, e 169, ambos do Código Civil, a nulidade absoluta do negócio jurídico gera, como consequência, a insuscetibilidade de convalidação, não sendo permitido nem mesmo ao juiz suprimir o vício, ainda que haja expressado requerimento das partes. 4. Ademais, a manutenção do arquivamento de negócio jurídico perante a Junta Comercial, cuja assinatura de um dos declarantes é sabidamente falsa, ofende, ainda, o princípio da verdade real, o qual norteia o sistema dos registros públicos. 5. Se as partes tinham interesse em manter a transferência das cotas da empresa Servport, deveriam renovar (repetir) o negócio jurídico, sem a falsificação da assinatura de quaisquer dos envolvidos, ocasião em que os efeitos seriam válidos a partir de então, isto é, a alteração do quadro societário somente se daria no momento do novo negócio jurídico, o que, contudo, não ocorreu na espécie. 6. Recursos especiais providos.

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jurisprudência Acórdão Publicado em 29/11/2023

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APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL E EMPRESARIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CONSTITUIÇÃO DE MICROEMPRESA INDIVIDUAL POR ATO ILÍCITO CUMULADA COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA RECURSAL DO ESTADO DE ALAGOAS. ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE PASSIVA. ACOLHIMENTO. A REALIZAÇÃO DE CADASTRO DE MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) É FEITA ELETRONICAMENTE, MEDIANTE A INSERÇÃO VIRTUAL DE DADOS NO PORTAL DO EMPREENDEDOR NO SITE DO MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. INEXISTE ANÁLISE DOCUMENTAL PRÉVIA PELA JUNTA COMERCIAL ACERCA DAS INFORMAÇÕES LANÇADAS PARA A OBTENÇÃO DO CERTIFICADO DA CONDIÇÃO DE MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL E VINCULAÇÃO COMO EMPRESA AOS REGISTROS DA JUNTA COMERCIAL. NÃO FICAM DOCUMENTOS FÍSICOS ARQUIVADOS NA JUNTA COMERCIAL ATINENTES AO CNPJ OBTIDO PELO MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL. CONFIGURADA A PRESENÇA DE INTERESSE DA UNIÃO NO FEITO. ART. 109, INCISO I, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL PRECONIZA QUE, EM CASO DE RECONHECIMENTO DA INCOMPETÊNCIA, OS AUTOS SERÃO REMETIDOS AO JUÍZO COMPETENTE. ART. 64, § 3º, DO CPC. DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA DO PARA A JUSTIÇA FEDERAL. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

 

 

 

 


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